quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sobre histórias...

Uma coisa que gosto muito de fazer é ouvir as pessoas. Sejam sermões, fatos ocorridos, piadas, e o melhor de tudo: coisas que aconteceram com elas. É interessante, não por querer saber da vida alheia, mas por ouvir mesmo. Vocês já repararam que pode ter acontecido uma coisa bem simples, mas a pessoa trata de enfeitar de tal maneira que se torna algo heróico, extraordinário, fantástico, etc.?
Eu já fiz isso, e provavelmente você já fez também. Não é para querer se achar ( talvez sim) mas para querer prender o ouvinte na conversa e tudo mais... é tudo uma jogada para ser algo legal.
Veja bem... me recordo de um dia estar voltando para casa com meu padrasto e no meio do trânsito da cidade houve um risco de uma moto na lataria do carro. Bom, de certo modo é algo normal, mas numa cidade pequena como a que vivo, isso não ocorre com tanta frequência, creio. Mas enfim, o motoqueiro se foi e nem deu para bater boca.
Chegamos em casa, minha mãe preparando o almoço e ouço a incrível história do meu padrasto, contando a sua surpreendente aventura no caótico engarrafamento do centro da movimentada Pirassununga. Segundo ele, um delinquente em baixa velocidade riscou o nosso carro. Ele disse que ficou inconformado e que saiu do carro para tirar satisfações com o marginal que saiu da moto e o afrontou, ele o encarou e ameaçou ter uma arma no carro ( o que não tinha) e que iria atirar se ele não sumisse. Então encerrou dizendo que ele fugiu espantado. Minha mãe ficou atenta a conversa inteira e se espantou com o final. Essa é a ideia de todo contador de história... a atenção e o espanto.
Depois de ouvir isso, fiquei na minha, não quis acabar com a moral dele... mas mais tarde minha mãe veio perguntar " Aquilo não aconteceu né?"... de fato não aconteceu, mas até que foi uma boa história.. da qual ele diz ser verdade até hoje para todos os amigos, parentes e visitantes que vêm em nossa casa, ou que encontramos em restaurantes ou festas. Mas enfim, creio que o mais interessante não é a história e sim como ela é contada, o que me faz lembrar de um ótimo filme: "Forrest Gump, o contador de histórias". Antigo, mas é muito bom.
Enfim, esse assunto de histórias é muito complexo também. Muitas coisas são boas de se ouvir, mas outras nem tanto. Estava eu esses dias na rodoviária até que apareceu uma senhora que aparentava ter por volta duns 45 anos, roupas um pouco amassadas, velhas, e com manchas, mas o que mais me chamou a atenção foi o rosto inchado. Bom, é muita falta de educação perguntar sobre, portanto nem puxei assunto, mas o assunto veio até mim. Ela me perguntou - está inchado meu rosto?- eu disse que sim, mas não perguntei nada, e ela dando risada disse - é que fui bater na minha filha e ela me mordeu-, não é algo para rir, mas se ela deu risada, presumi que deveria dar também, então esbocei um sorriso... ela, do nada, ficou séria e perguntou - do que você está rindo? sem educação!-, eu fiquei sério e pedi desculpas, mas confesso que tive vontade de xingá-la, ela me disse - você acha? eu batendo nela e ela vem me morder?- francamente minha senhora, a errada é você de bater na filha, não se educa uma criança espancando-a, eu diria, mas me veio na cabeça ela gritando comigo falando " oras, você não tem o direito de falar como educar meus filhos", então cortei o assunto falando que meu ônibus tinha chego... pois tinha mesmo, por sorte.
Logo que estava sentado indo para casa, vi de longe lá na rodoviária a mesma senhora puxando conversa com outra pessoa. Espero que essa pessoa não tenha mordido-a.
Por hora é só.

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